As plantas reabilitadas também são utilizadas para estudos e pesquisas de espécies em risco de extinção
Apenas dizer que o processo de extração e beneficiamento das rochas naturais é sustentável e ecologicamente correto não é suficiente. É preciso agir e mostrar resultados. As grandes empresas do segmento já entenderam esse recado e podem servir de inspiração para outras que ainda estão buscando ações eficazes para mitigar os impactos no meio em que estão inseridas.
Um projeto interessante, nesse viés, vem sendo desenvolvido em Minas Gerais pela Magban, mineradora capixaba fundada em 1986.
Além da recuperação de áreas, tornando-as atrativas para uso da fauna silvestre, a empresa mantém parcerias com as cidades onde possui jazidas ativas, realizando projetos de reflorestamento e de recuperação de nascentes utilizando exclusivamente mudas de espécies nativas.
Uma dessas ações é desenvolvida em parceria com o Instituto Inhotim, sede de um dos mais importantes acervos de arte contemporânea do Brasil e considerado o maior museu a céu aberto do mundo.
O instituto está localizado em Brumadinho (MG), dentro do domínio da Mata Atlântica, em uma gigantesca área de preservação ambiental. Por lá, a Magban exerce em parceria com técnicos, engenheiros agrônomos e especialistas em botânica, a recuperação de árvores nativas em risco de extinção.
O projeto começou a dar os primeiros passos em 2019 e, desde então, várias espécies de plantas diferentes já foram recuperadas.
Segundo o engenheiro agrônomo e curador botânico do Inhotim, Juliano Borin, a empresa recebeu os técnicos do Instituto em seus espaços de lavra, deu suporte aos estudos no local e apoiou o resgate de diversas plantas da região.
Uma das espécies recuperadas foi a Syagrus mendanhensis, um tipo de palmeira, conhecida popularmente como “palmeirinha-da-serra”, que possui uma distribuição geográfica extremamente restrita.
O trabalho de recuperação dessas espécies, de acordo com o especialista, é feito com muito cuidado e com respaldo e licenças dos órgãos governamentais pertinentes, visando, essencialmente, a preservação da biodiversidade.
Além de arcar com os custos da operação e do transporte das espécies da mata para o Inhotim, a Magban também cedeu diversas rochas naturais que são usadas na composição dos ambientes e do Jardim Botânico do museu a céu aberto.
“Para gente, o importante é trazer espécies de plantas diferentes, para garantir o genótipo, a informação do DNA delas, para que elas não sejam extintas. Por isso é importante a gente ter essa variedade e biodiversidade dentro do Inhotim. O jardim botânico é o lugar ideal para esse tipo de conservação de plantas”, explica Borin.
Um espaço especial também foi criado no Inhotim, onde parte das plantas, recuperadas com o apoio da empresa, estão expostas no chamado ‘Viveiro Educador’. Visitantes e pesquisadores que passam pelo local, podem apreciar a beleza e conhecer mais sobre as árvores nativas da região.
“É um jardim com plantas de campos rupestres e esse é o grande barato, porque essa fitofisionomia — esse tipo de vegetação que ocorre principalmente no cerrado brasileiro — tem características muito únicas. Segundo alguns estudos, ela pode ser considerada até um bioma, tendo a maior biodiversidade do mundo”, conta Borin.
Esse espaço com plantas recuperadas, segundo o engenheiro agrônomo, também é utilizado para estudos e pesquisas de espécies em risco de extinção. Com isso, o projeto mostra que vai muito além da reabilitação da vegetação, como também contribui para o levantamento de informações sobre a rica biodiversidade que o Brasil possui e comprova que, com ações simples, é possível que as empresas atuem em total sinergia com o meio ambiente e com a sociedade no entorno.